10 de agosto de 2015

O peso nos ombros dos humanos "do futuro".

Em meio a tantos problemas e injustiças sociais, tanta violência, discórdia, desunião e falta de conscientização, é normal que se depositem esperanças nas gerações futuras.
É um meio de se acreditar em um futuro melhor, em mudanças positivas. De renovar as esperanças.
E a gente vê que o número de pessoas que diz acreditar nessa geração de futuros seres-humanos "melhores" cresce a cada dia.
Dá para notar isso nos textos que a gente lê, nas conversas sobre política, meio ambiente, etc. Até mesmo em questões familiares. Acredita-se que as gerações mais novas serão responsáveis pela união de familiares que já não têm uma convivência boa.
Não estou aqui para jogar água fria nas crenças de ninguém, mesmo porque eu acredito SIM num futuro melhor com seres-humanos mais conscientes.
Mas... A questão é: será que estamos fazendo a nossa parte AGORA para que essa nova geração cresça REALMENTE com bases sólidas sobre amor ao próximo, compaixão, preocupação com o meio ambiente, senso crítico - e o mais importante - auto-estima e segurança pra tudo isso?
Será que estamos fazendo-os se sentirem amados e seguros o suficiente, para que então possam desenvolver todas as outras "habilidades" necessárias para JUNTOS construírem um futuro melhor?
Um futuro sem violência, sem preconceito, sem fanatismo. Com respeito ao próximo e à natureza, sem desigualdade, etc? Onde eles possam ter uma vida saudável e assim poderem educar seus próprios filhos, netos. Será?
Eu me pergunto isso todos os dias, mesmo que de forma inconsciente.
E quando vejo famílias ensinando seus filhos a serem egoístas, a maltratarem um coleguinha porque ele parece "diferente", maltratarem animais, entupindo seus próprios filhos de porcarias industrializadas e tentando "tampar" o buraco da ausência e do descaso com presentes caros... Confesso que perco um pouco dessa esperança que já citei ali acima.
Tenho uma "amostra" dessa nova geração dentro de casa. Se chama Pietro e vai fazer 6 anos em breve.
E é através dele que temos a oportunidade de procurar criar um ser humano para o futuro. Mas não podemos depositar todo o peso nos ombros dos humanos do futuro, e nem deixar de cumprir com nossas obrigações de agora.
Não são as crianças que vão mudar o futuro. A responsabilidade é de todos nós, e para agora.

Nenhuma criança cresce feliz e segura de si se não for amada pela família.
Nenhuma criança desenvolve consciência sobre o meio-ambiente, se não for ensinada que não se pode desperdiçar, estragar, maltratar a natureza.
Nenhuma criança cresce respeitando os coleguinhas, e As coleguinhAs, se assiste o pai batendo na mãe, os dois se xingando, se desrespeitando dentro de casa.
Nenhuma criança cresce tolerante, se vivencia a intolerância cotidianamente. Se a família ensina que homossexual é nojento, que deficiente é incapaz, que menina é burra, que negro é bandido. E os pais podem não dizer essas coisas com palavras, mas criança aprende através de gestos, de expressões faciais, de exemplos que ela presencia.
Por isso que detesto quando dizem: "Mas o filho é meu, eu crio como quiser!".
NÃO, filho não é propriedade nossa, e temos o dever de criá-los para conviverem em sociedade com os outros filhos e filhas.
Não é fácil assumir uma maternidade/ paternidade consciente, mas acho que mais do que pôr filhos no mundo, temos o dever de criar seres humanos melhores do que nós mesmos. E parar de jogar a responsabilidade toda neles, se não conseguimos ser pelo menos um pouco do que queremos que eles sejam no futuro.
"O futuro depende do que fazemos no presente."

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