8 de fevereiro de 2015

"Malditos" pais informados e a relação com o pediatra.

Imagino, através de relatos, que até pouco tempo atrás as pessoas confiavam cegamente nos profisionais de saúde como se fossem deuses, donos da verdade absoluta.
"O pediatra disse que meu bebê chora de fome porque meu leite não é suficiente. Algumas mamadeiras reforçadas com mucilon e o problema estará resolvido!"
Ou então: "Minha senhora, deixe a fulaninha chorando no berço para reforçar os pulmões!"
E por aí vai...
Quem nunca ouviu avós, tias, vizinhas, até mesmo a mãe relatando algo parecido que aconteceu na época delas?
Tenho 30 anos, e na minha época os pediatras ainda receitavam o bendito cházinho de camomila pro bebê se acalmar e parar de chorar. Hoje em dia a gente sabe que a coisa só piora quando se oferece outras coisas que não sejam o leite materno. Mais isso ainda acontece, e muito! Basta dar uma olhada nos grupos sobre maternidade...
Por outro lado, penso naquelas famílias que estão acostumadas com esse perfil de pediatra que ainda não se atualizou. Sem me referir à idade, porque conheço profissionais super atualizados e com décadas de carreira.
Mas o "modelo antigo" é mais fácil de ser imitado, isso é fato.
Veja bem: existem pais (e mães) que acreditam que tudo tem que ser resolvido com remédios.
Dor de barriga? Taca-lhe remédio!
Febre, então? Remédio, intercalando dois antitérmicos - melhor ainda.
Está chorando? Deve ser dor, melhor dar remédio.
Remédio pra mãe produzir leite, remédio pra constipação e cólicas do bebê (sendo que hoje existem até estudos que dizem que as cólicas não existem, já que o choro é o único meio do bebê se comunicar).
Remédio pra criança comer, pra dormir a noite toda. Remédio.
E se o pediatra não receita remédio nenhum, acham ruim!
Não sei como era a vida das famílias mais simples, com vários filhos. Mas na minha época parece que a indústria farmacêutica (e também alimentícia) deram um BUM!
De lá pra cá, estamos colhendo "os frutos" dessa explosão, e muita gente se habituou a substitutos para tudo que deveria ser natural.
Tanto, que foi difícil encontrarmos um profissional que nos passasse além de confiança mas também que apoiasse o aleitamento materno e não saísse receitando medicação toda vez que o Pietro soltasse um pum rs.
A idéia inicial era levar o Pietro assim que ele nascesse para ser consultado pelo pediatra que me acompanhou desde que nasci, só que ele não atendia pelo plano de saúde e a consulta particular estava fora do nosso orçamento - se é que me entende $$$.
Depois, pensando bem, me lembrei que ele tinha me receitado chá aos 3 meses e que ele devia ser bom em diagnosticar e tratar doenças, mas na parte de puericultura... Melhor não.
Mas o cara era pediatra há um tempão, tinha acompanhado a gente a vida toda então era tipo uma deidade pros meus pais...
Levamos o Pietro em uma pediatra que já logo de cara falou que ele teria que operar a fimose (oi? ele era um bebê recém-nascido!).
Não gostei da idéia do meu filho tão novo em uma maca por causa de fimose, então fomos à um pediatra que era amigo do meu falecido avô.
Chegamos no colsultório e haviam várias crianças na sala de espera, muitas fotos de crianças nas paredes. Ele foi simpático, atencioso, MAS... Falou pra gente deixar o Pietro o tempo todo no berço e só pegá-lo a cada 3 horas pra amamentá-lo, e que o choro ia fortalecer os pulmõezinhos dele.
Olhei para a cara do meu marido, fizemos cara de alface. Só que naquela época a gente tinha acabado de ter o Pietro, éramos totalmente inexperientes.
Como tenho cérebro e coração, não "consegui" seguir isso a risca, mas continuamos levando o Pietro pra fazer o acompanhamento com ele.
Foi então que um dia percebi que o Pepê estava "golfando", ele mamava e um pouco do leite acabava voltando.
Fiquei preocupada e liguei pra esse pediatra, e então ele receitou dois remédios anti-refluxo - sem nem ver o Pietro.
Fui comprar os remédios e eles eram tarja-vermelha. Foi aí que o "alarme de emergência" apitou novamente e o sexto-sentido de mãe falou mais alto.
Sem dar esses remédios, pouco tempo depois o Pietro parou de "golfar". E mamou até mais de 2 anos.
Bem, depois desse pediatra rodamos por mais alguns e então como última tentativa pelo menos pior, fomos ao último nome da lista dos que atendiam pelo convênio.
Esse não falou em desmame, pelo contrário.
Falou que talvez nem precisasse fazer cirurgia de fimose pois a pele pode se soltar.
Não receitou remédios por telefone, nem como se fosse água.
Gosto muito desse pediatra que acompanha o Pietro até hoje. Aliás, é justamente por isso que continuamos consultando com ele.
Hoje em dia não se dá antitérmico assim que a febre surge, por exemplo. Espera-se pelo menos 72h para depois verificar a necessidade de medicação. E eu, pelo menos, acho ótimo não encher o organismo desse novo ser que coloquei no mundo com um monte de química. Né?
Então, com essa sensibilidade natural que a maioria dos pais têm pra notar o comportamento dos filhos, e o bom-senso junto às evidências científicas mais atuais, o resultado não poderia ser outro: famílias mais conscientes sobre o uso de medicação exagerado e a saúde das crianças.

Quem aí não se lembra do melhoral infantil que era vendido como balinha?
Imagino o quanto as indústrias farmacêuticas e alimentícias (incluindo fórmulas e engrossantes, por exemplo) lucraram em cima da inocência de famílias que não tinham acesso à informações, e que hoje em dia se recusam a ter, né. Porque tem gente que não quer se informar, fazer o que!
Esse acesso cabia somente aos profissionais, que por comodidade, maior facilidade em repetir modelos arcaicos, falta de vontade e/ou até mesmo interesses "não tão honestos," receitavam remédios, fórmulas e afins.


Links importantes:
Motilium é associado a mortes por arritmia cardíaca - See more at: http://setorsaude.com.br/motilium-e-associado-a-mortes-por-arritmia-cardiaca/#sthash.b7gIJ9rL.dpuf

2 de fevereiro de 2015

Abrindo a "mente materna"

Gosto de pensar sobre o comportamento das pessoas, mas não chega a ser um interesse por psicologia não. É curiosidade, mesmo.
No campo da maternagem é interessante ver como cada mãe e pai se comporta perante cada fase. Sim, porque bebês e crianças crescem tão rápidamente, que de repente aquilo que estava acontecendo já mudou para outra coisa e você nem percebeu...
Por exemplo: quando o Pietro era recém-nascido, ele chorava muito. Não tinha muitas horas de sono seguidas. Eram poucos minutos até ele chorar de novo.
E me lembro de ficar louca, chorando junto com ele porque não sabia o que estava acontecendo.
Não era fome, porque já tinha mamado.
Não era fralda suja, não era algum problema de saúde.
O quê raios fazia meu filho, tão pequeno e indefeso, chorar daquele jeito?
Meu marido chegava do trabalho e lá estava eu: toda descabelada, cansada, segurando o Pietro no colo. Porque se colocasse no carrinho, berço, cama ou sofá ele abria o berreiro!
Daí ele (meu marido), me vendo no desespero, aprendeu a cozinhar pra me ajudar com as coisas da casa.
E eu, em meio a tantos palpites de parentes e colegas, fui ler.
Entrei em grupos de mães com embasamento científico. Fui estudar o que estava acontecendo.
Então encontrei textos sobre Extero-gestação, sobre o choro dos bebês em diferentes culturas e sobre bebês high-need.
Pronto, eu não estava só. Haviam (e ainda existem) milhares de mães como eu, com bebês que não páram de chorar e ficam no colo bastante tempo.
Daí depois que passei a entender melhor, parei de me desesperar com isso.
E passou.
Passou tão rápido, que hoje tenho que me esforçar um pouco para lembrar de como era essa fase.
E de tempos em tempos surge algo novo.
É por isso que gosto de ficar atenta às informações, gosto muito de ler e trocar experiências com outras mães. Só que nem todo mundo é assim, né.
Cada pessoa tem um jeito, e isso reflete na maternagem de cada uma.
O que não quer dizer que uma esteja errada e a outra certa, que uma seja melhor e a outra pior, e assim por diante. Nada disso!
Apenas que cada pessoa carrega uma história e se comporta de acordo com aquilo que lhe parece melhor. Mas, sabe de uma coisa? Uma boa dose de curiosidade faz bem para abrir a mente materna!
Ajuda a construir o tipo de mãe que você quer ser ;-)
Links interessantes:
Teoria da extero-gestação, para bebês novinhos (Soluções para Noites sem choro) 

O Choro do Bebê em Diversas Culturas

Os Gases e a Cólica do bebê – por Dr. Carlos González

O que são bebês de alta necessidade (high need)?


26 de janeiro de 2015

Não diga que meu filho "vai dar trabalho com a mulherada"!

Vira e mexe, desde que meu filho nasceu e abriu os olhinhos azuis me deparo com alguém dizendo, com ar malicioso:
"Seu filho vai dar trabalho com a mulherada, hein! 
Lindo desse jeito, ele vai ter várias namoradas."

Tenho que confessar que esse tipo de comentário me revira o estômago pelo grau de machismo embutido nele. Sério mesmo.

Primeiro, porque demonstra o quanto a sociedade ainda é presa à um padrão de beleza.
Loiro, de olhos azuis é bonito. Moreno, de cabelo cacheado não pode ser bonito também?
Negro? Pardo? Oriental?
Ouço mães comentando que o cabelo do(a) filho(a) é "ruim" porque é encaracolado.
Já vi até criancinha com chapinha no cabelo!
A criança vai crescer, e a aparência pode mudar: meu marido também era loiro com cabelo liso, e hoje tem cabelo enrolado e castanho. O meu era enrolado, e hoje é liso, tingido de preto. E assim por diante.
Todos mudamos muito com o tempo, físicamente.

Me incomoda imaginar que julgando pela aparência, estão "prevendo" um comportamento cafajeste nele.
Perguntam se ele tem namoradinha na escola... Hello! Ele só tem 5 anos!!!
E sabe o quê é pior? Quando ouço esse tipo de comentário vindo de mulheres... Daí é que sinto o quanto repetimos idéias machistas sem nem perceber.
Podem falar: "Ah, mas ele é criança, ainda não entende esse tipo de coisa!"
Hello (de novo)! Criança não é porta! Eles entendem as coisas muito melhor que adultos.
E mesmo que aquela informação não seja processada na hora, sabe-se lá o quê fica no subconsciente do ser humano.
Criança é criança.
Tem que se vestir como criança, tem que ter o direito de se comportar como criança.
Pra todo o resto eles terão uma vida inteira!
E os adultos, tentam envenenar essa inocência a todo custo com seus comentários maliciosos.
São um bando de invejosos e frustrados, isso sim! #ProntoFalei.

22 de janeiro de 2015

Primeira viagem em família(SP) / Angústia da Separação em bebês.


Há alguns finais de semana atrás, tivemos que ir para São Paulo resolver algumas coisas, então decidimos levar o Pietro junto ao invés de deixá-lo com parentes.
Foi a primeira vez que ele viajou com a gente e de ônibus, aos 5 anos.
Antes de sairmos daqui da cidade, expliquei como seria a viagem toda e que ficaríamos em um hotel, para voltarmos para casa no dia seguinte.
Ele ficou tão empolgado por ficar no hotel que só falava nisso rs.
Arrumou a mochila, colocou roupas dentro (que eu tinha separado), uns brinquedos e algumas coisas de comer.
Durante a viagem até SP que é rápida, ele e meu marido deram um cochilo no ônibus.
No hotel ele ficou eufórico querendo brincar o tempo todo. Até que foi vencido pelo cansaço e dormiu.
Não tivemos muito tempo para passear, então só demos uma volta no dia seguinte.
Resolvi o que tinha que resolver e voltamos pra casa, antes de um temporal atingir SP.

Me sinto bem mais tranquila hoje em dia pra encarar uma viagem com ele, do que quando ele era bebê.
É lógico que não precisaria esperar tantos anos assim pra viajarmos juntos, mas nunca pensei em ficar muito tempo afastada dele. Ele mamava bastante e ficava no meu colo quase que tempo integral, então se tivesse que viajar eu o levaria junto com certeza.
Essa experiência me fez lembrar dos textos que li sobre "Angústia da separação", apesar do Pietro não ser mais um bebê.

"Quando o bebê chega aos seis-oito meses de idade, começa a operar a angústia da separação que, geralmente, continua a se manifestar de uma forma ou outra até os cinco anos. Em breve o bebê começa a sentir pânico quando não vê sua mãe. É preciso levar a sério a intensidade dos seus sentimentos. A mãe é o seu mundo, é tudo para o bebê, representa sua segurança."
Leia mais aqui.


Enfim, deu tudo certo e achei bacana registrar essa experiência aqui...
Foi uma experiência nova tanto pra ele, quanto pra gente e planejamos viajar muito mais :-)

30 de dezembro de 2014

Papai Noel "velho batuta", meu aniversário e as festas de fim de ano


Nunca achei o Natal muito empolgante, apesar de ser meu aniversário. 
Também nunca fui religiosa. Tenho mais afinidades com o culto à natureza, com outros pontos de vista espiritualistas, do que com a idéia mesmo do Cristianismo.
Só que assim como não pretendo impôr nenhuma religião ao Pietro, também não crio muitas fantasias mirabolantes em torno do Papai Noel e afins.
Não o privo de viver a fantasia, mas também não crio mil expectativas em torno dessas datas.
Só acho que as pessoas deveriam exagerar menos nessas festividades e tentar viver os outros 364 dias do ano da mesma forma, distribuindo abraços e bondades. Serem mais coerentes com o que pedem e que dizem desejar aos outros.
Voltando ao assunto do papai Noel, o Pietro diz que "acredita e não acredita".
Gosto de observá-lo, tentar entender o que passa na cabecinha dele.
Ele nunca teve medo da figura do papai Noel, não. Pelo contrário.
Ele sabe que tem o papai Noel dos shoppings, e conhece a lenda do homem que vivia no pólo Norte e distribuía presentes. A partir daí, deixamos pra ele tirar as próprias conclusões :)

Outra coisa que notei no Natal é que em nenhum momento ele ficou olhando ou me pediu pra comer carne. Parece bobagem falando assim, mas em mais de 1 ano sendo Vegetariano por escolha própria, ele não me pediu carne nenhuma vez. Nem mesmo nas festas em casas de parentes, nada.
Eu faço o pratinho dele, ele senta e come. Isso quando senta, né rs.


Mas o que me preocupa de verdade é o consumismo nessas datas.
Pietro ganha vários presentes dos parentes que o querem bem, mas fica pra mim e pro meu marido a missão de explicar que aquilo não é o mais importante.
Que amor não se mede pela quantidade de presentes, e que algumas crianças não ganham nada.
Eu sei que ainda é muito difícil dele entender, claro. Mesmo assim acho importante que seja dito, já que as crianças aprendem muito através de exemplos, também.
Enfim... ter o Pietro me fez sair do tédio que eu sentia no meu aniversário.
Criá-lo e educá-lo é um privilégio e também meu maior presente. E não deixa de ser minha missão mais importante, também.
Soa clichê, mas é exatamente o que eu sinto.
Feliz Natal!