Essa semana não foi fácil...
Agora mesmo estou blogando pelo celular, quase que me arrastando para conseguir digitar sem espirrar na tela do aparelho. É que para encerrar "bem" a semana, peguei uma baita gripe do marido. Mas em tempos de zika, não posso reclamar né, já que podia ser pior...
Último trimestre de gravidez, sensibilidade à flor da pele. Daí temos que nos adaptar a uma nova rotina bem nesse momento, então pra mim tem sido pior do que para o Pietro.
Foi difícil deixá-lo na escola no primeiro dia. A diretoria e professoras não dão aquele mesmo tratamento que a creche, pois teoricamente ali eles já estão mais amadurecidos e não precisam de mãe e pai por perto.
Não consegui deixar o Pietro na porta da escola e ir embora a semana inteira, senti que precisava deixá-lo junto à professora e coleguinhas, então mesmo com a diretora gritando (berrando, na verdade) que era pra gente ir embora, entrei e o deixei no pátio com a turma. Eles não tiveram período de adaptação, entraram e saíram no horário normal desde o primeiro dia. O mínimo que eu queria fazer era deixá-lo seguro com a turma dele. Mas já ouvi bronquinha e não vou poder fazer maos isso a partir da semana que vem.
Bem, ele gostou da professora e dos colegas. Fiquei preocupada, porque ele caiu numa classe separada dos colegas da creche que vieram estudar nessa escola. Mas o Pietro faz amizades facilmente, bem diferente de mim quando eu era criança.
Num desses dias, a professora precisou faltar e então a turma ficou com uma substituta. Aí o caldo engrossou, porque essa professora falou que a lição dele estava feia e arrancou uma folha do caderno dele.
Segundo o Pietro, pras outras crianças ela disse que "odiou" o que eles tinham feito e também arrancou as folhas dos cadernos dele!
Nesse dia eu fiquei super tensa, porque era a primeira semana do primeiro ano, e logicamente eles não sabem escrever. Só copiam as palavras da lousa!
Cheguei a chorar escondido, não queria que ele me visse nervosa. Mas conversei e disse pra ele que no começo é assim mesmo, ninguém sabe mais que o outro porque todos estão na mesma turma. E como era a professora substituta, fiquei menos pior do que se tivesse sido a professora delemesmo.
Enfim, a escola tem regras bem severas, por exemplo, em relação às idas ao banheiro (ele precisou implorar pra ir fazer cocô porque a professora não queria deixá-lo ir) e faz separação por gênero em praticamente tudo (meninas x meninos): na fila, no recreio (tem mesa pros meninos e mesa pras meninas), e por aí vai.
E eu, que procurei uma escola mais laica possível, tenho que lidar com o fato de que todo dia no inicio da aula eles fazem uma oração.
Como já disse aqui, não acho que escola tem a ver com religião. E em casa damos a liberdade pro Pietro escolher o próprio caminho espiritual. MAS... Parece que alguns professores insistem em catequizar os alunos.
Pra não criar problemas, ia dizer pra ele fingir que estava rezando, mas ele foi mais esperto e disse que rezou pra Krishna, baixinho, sem a professora saber rs. Falei então pra ele rezar para quem quiser e como quiser.
Semana que vem haverá reunião de pais, e eu quero conversar sobre essas coisas para ter a posição da escola também, já que por mais que o Pietro não seja uma criança que mente, é sempre importante saber sobre "a outra parte".
Sobre a merenda: o cardápio parece ser o mesmo da Prefeitura, mas agora ele pode levar de casa. Para nós, vegetarianos é bem melhor.
Porém, confesso que estou sentindo saudades da creche...
*** Atualização ***
Fui à primeira reunião de pais e a diretora iniciou a reunião fazendo alguns comunicados.Falou sobre bullying, sobre a merenda escolar, sobre piolhos, sobre eles cantarem o Hino Nacional toda segunda-feira seguido pelo Pai-Nosso... Segundo ela, porque é uma oração universal (judeus, muçulmanos, ateus, pagãos que o digam rs). Disse que reza quem quiser.
E na hora em que ela citou a importância de não rasgarmos nenhuma folha do caderno brochurão e sobre elogiar os feitos de nossos filhos (antes ela contou sobre a vida pessoal e como educou o filho) eu levantei a mão e comentei sobre o ocorrido com a professora substituta. Outra mãe confirmou que o filho chegou em casa falando que a lição dele estava "horrível".
Com uma risadinha sem graça, ela pediu desculpas pelo ocorrido e disse que ia conversar com a tal professora. E como ela mesma enfatizou que todas as salas têm câmeras, acho que não tinha nem como negar o acontecido. Enfim...
A professora do Pietro foi fazer um curso do governo e não estava presente na reunião.
Quem fez a reunião da sala dele foi a coordenadora. Perguntei sobre a separação entre meninos e meninas tanto na fila quanto na hora do recreio, e a explicação dela foi que "isso é um costume antigo da escola e que alguns professores separam meninas e meninos na fila e outros não. E que no recreio é assim, porque as meninas gostam de ficar conversando entre elas..."
Depois dessa resposta, confesso que desanimei em perguntar sobre as outras coisas. Desanimei mesmo.
Percebo que apesar da escola ser do primeiro ao quinto ano do fundamental I, o projeto pedagógico e o tratamento dispensado ao primeiro ano tende a desejar e muito. A diretora só grita, mesmo quando está falando normalmente. Não podemos entrar pra deixar as crianças dentro da escola, etc.
Sei que existem regras nas escolas estaduais para que elas funcionem como deve ser, mas acho que a humanização deveria começar pelas pessoas que trabalham nela.
A professora do Pietro é nova na escola, e por enquanto tem se mostrado competente. Vamos acompanhando de perto como vai ser ao longo do ano, afinal de contas não somos pais que procuram um depósito de crianças, apesar de não ter condições financeiras de colocá-lo em uma escola privada.
E sinceramente?
Tenho visto tanta porcaria nas escolas particulares também, que nem dá vontade de pagar.
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