7 de junho de 2014

Sobreviver não é viver sem traumas.

Nessa última semana o Senado aprovou a Lei Menino Bernardo - antiga Lei Anti-Palmada (leia na íntegra aqui e desde então, o que seria motivo de comemoração para as crianças no Brasil serem teoricamente mais protegidas pela legislação contra a violência, acabou virando polêmica.

As pessoas não estão procurando se informar sobre a lei, e assim, fazem julgamentos totalmente equivocados. A impressão que tenho é de que as pessoas acreditam que se encostarem um dedo nos filhos, algum alarme vai soar e o FBI vai bater à porta delas. 
E então alguns canais informativos como blogs, sites e páginas em redes sociais têm procurado esclarecer as falácias que andam espalhando por aí. 
Tenho feito isso em nossa página do Facebook e no meu perfil pessoal também. Mas preciso confessar que as vezes perco a paciência. Principalmente quando vejo pessoas se gabando por terem apanhado na infância e terem "sobrevivido" - mais uma vez a teoria dos sobreviventes...
Eu apanhei, e apanhei até depois de grande. Procuro esquecer os momentos difíceis que passei, mas levo como experiência para saber como NÃO QUERO fazer com o meu filho.
Pra falar a verdade o que sinto no fundo, é PENA dessas pessoas que acham que a violência as educou. Mas como me falta conhecimento pra explicar esse tipo de sentimento, achei de grande utilidade reproduzir esse texto da página Crescer sem Violência e quem sabe assim, algumas pessoas passem a pensar melhor sobre elas mesmas antes de tentarem se enganar. E pior: cometer com os filhos hoje, os mesmos tipos de agressão que sofreram no passado.


Por que as pessoas negam os traumas de infância e seus resultados?

Por que as pessoas tendem a pensar que tiveram uma infância boa, uma infância normal, ou negam traumas de infância e seus resultados completamente?

Sempre ouço pessoas dizerem coisas como:

Minha infância foi normal.

Sim, houve algumas coisas boas e algumas coisas ruins - mas assim é a vida.

Minha mãe ficava triste, distante ou com raiva quando eu não fazia algo direito ou agia mal, e meu pai às vezes me batia com um cinto -, mas foi para o meu próprio bem. Tudo isso me ajudou a tornar uma pessoa melhor - e eu agradeço por isso.

Sim, às vezes eu me sinto muito deprimido, solitário ou vazio - mas todos nós nos sentimos assim.

Meus pais eram rígidos, mas eles me amaram e deu tudo certo.

Sim, algumas pessoas foram abusadas na infância, mas eu não, não tenho trauma algum.


Eu olho para essas pessoas e posso ver facilmente os sintomas dos traumas de infância. Eu vejo crianças sendo abusadas, e eu vejo os adultos com numerosas feridas internas por terem sido traumatizados. É óbvio para mim. Vejo traumas de infância e seus efeitos ao meu redor a todo momento, em todo lugar. Isso acontece atualmente e sempre aconteceu em qualquer momento na história humana.

Para mim, as pessoas que negam parecem querer dizer algo assim:

Minha perna está sangrando muito, e eu estou mancando – Mas eu tenho uma perna forte, saudável e totalmente funcional.

Você vê todas essas pessoas sangrando? Elas estão muito bem.

Sim, eu fui esfaqueado na perna - mas eu mereci e foi para o meu próprio bem!


Claro, se as pessoas dizem que a sua infância foi normal, ou seja, como a das outras pessoas, então elas estão certas. No entanto, "normal" (=comum) não significa normal, isto é, saudável e feliz - significa apenas que o normal é a norma social.

Mas se especificamente trauma de infância e seus efeitos são fenômenos tão comuns, hoje e historicamente, então por que tantas pessoas negam?

As razões fundamentais são:


1. Amnésia dissociativa

Você conhece pessoas que não se lembram de sua infância ou lembram muito vagamente? Pessoas que não recordam de anos, ou mesmo décadas de suas vidas?

Quando as crianças experimentam trauma severo e prolongado, elas muitas vezes esquecem, pois sentem que reter esta informação em sua consciência pode ser muito perigoso. Quando se é criança em geral é isto que acontece. Portanto, crianças traumatizadas não têm outra escolha a não ser se dissociar. Isso significa esconder suas experiências dolorosas no inconsciente.

Estas memórias não surgem de forma consciente se nós não estivermos emocionalmente preparados para tanto. Quando as pessoas começam a se curar e crescer mais fortes, elas lentamente começam a relembrar e lidar - embora às vezes com bastante sofrimento – com informações importantes a respeito de suas vidas.


2. Ignorância e indiferença
INDIFERENÇA
De “Crianças são as vítimas dos vícios adultos”,
um grupo de esculturas de Mihail Chemiakin
INDIFERENÇA De “Crianças são as vítimas dos vícios adultos”, um grupo de esculturas de Mihail Chemiakin


As crianças não sabem o que é abuso, negligência, abandono, trauma, estresse pós-traumático, saúde mental, infância saudável, como um ser humano normal parece, e como um relacionamento saudável é. As crianças não têm ponto de referência, comparação; elas não compreendem a história psico-emocional dos pais e o contexto socioeconômico a que pertencem. Elas só sabem o que vivenciam e são ensinadas.
Por exemplo, se a mãe bate no filho, a criança não compreende todas as circunstâncias complexas que levaram a isso. (Muitas vezes, nem tampouco a mãe entende.) O que toda criança sabe é que sua mãe a está machucando e isso dói - e que ela precisa da mãe para sobreviver. Portanto, é uma experiência extremamente traumática, e as circunstâncias que levaram a isso não anulam as reações e emoções da criança.
Quando a criança traumatizada cresce sem ter investigado a sua história e as questões de trauma e de saúde mental, ela permanece ignorante e indiferente. Infelizmente, a maioria das pessoas são ignorantes e indiferentes a respeito. Muitas delas fazem de TUDO para permanecer na ignorância - e grande parte consegue – já que analisar o próprio passado e as pessoas ao seu redor é extremamente doloroso para elas. Mais doloroso do que não viver.
Portanto, não é de se surpreender que exista tanta disfunção em torno de nós, e que o entendimento de saúde mental seja tão distorcido.


3. Síndrome de Estocolmo

Crianças que vivem em um ambiente insalubre dissociam e distorcem a realidade, para conseguir sobreviver. "Minha mãe é ruim para mim. Eu preciso da minha mãe para sobreviver. Eu não posso sobreviver se minha mãe for ruim, e eu não posso ter outra mãe. Então, minha mãe é boa."
Síndrome de Estocolmo é um fenômeno psicológico onde a vítima desenvolve empatia pelo seu agressor, o justifica e o defende, ou mesmo experencia sentimentos agradáveis em relação a ele (por exemplo, acha que existe amor entre eles). Este vínculo doentio pode ser visto entre uma criança e seu cuidador, uma vítima de abuso sexual e seu molestador, em relacionamentos amorosos ou amizades patológicas, e em outros tipos de relação onde a disparidade de poder está presente.


4. Regras disfuncionais/imposição de culpa, vergonha e medo

Ame seus pais! Respeite os mais velhos! Escute as autoridades! Seja bom/boa [ou seja obediente]! Não confie em si mesmo, você não sabe muito! Não faça perguntas! Não responda! Não cometa erros! Não se sinta assim! Supere isso! Meninos não choram! Boas meninas sempre fazem o que lhes mandam fazer!

Se as crianças estão traumatizadas e não lhes é permitido julgar racionalmente o comportamento dos seus pais e de outras pessoas, elas começam a idealizá-los, culpam a si mesmas, e justificam os abusos que sofreram. Esta é a origem da culpa crônica, vergonha, sentimento de culpa e falta de confiança em si mesmo. Emocionalmente, isso é muito doloroso, por isso as crianças (que mais tarde se tornam adultos) tentam evitar essa dor, se livrar dela ou aliviá-la. É mais fácil simplesmente dizer: "Minha infância foi normal", e continuar o processo de dissociação.


5. Incapacidade de pensar racionalmente

Porque a maioria das pessoas já experimentou algum trauma significativo relacionado à cognição e acabou se tornando um adulto que não aprendeu a pensar racionalmente - ele não tem a habilidade para fazê-lo de forma apropriada. Muitas pessoas não sabem como avaliar objetivamente a si mesmas (por questões de auto-estima), aos outros (por questões de falta de confiança e bom senso), e ao mundo em si (por falta de compreensão fundamental sobre como o mundo funciona e várias distorções da realidade). Falta a estas pessoas não apenas a compreensão do que é verdadeiro, mas a capacidade de como descobrir se algo é verdadeiro ou falso.
Uma vez que essas pessoas têm déficits cognitivos, ou seja, falta de habilidade para raciocinar logicamente, suas crenças, sua visão de mundo, seus pontos de vista corriqueiros estão geralmente baseados em emoções que eles não entendem, e não numa avaliação racional e complexa dos fatos em si. Quando se sentem bem, então é bom ou verdadeiro. Quando se sentem mal, então é ruim ou falso.
Nossa cultura é baseada na negação, na insegurança, em regras inconsistentes, na conformidade, e no apelo emocional - e não na verdade, na empatia genuína, em princípios consistentes e universais, na individualidade e racionalização.


6. Medo social
Não veja nenhum mal, não fale nenhum mal, não ouça nenhum mal.
Não veja nenhum mal, não fale nenhum mal, não ouça nenhum mal.


Assim como as crianças, na maioria dos casos não se permite que as pessoas falem sobre os abusos que sofreram. Como adultos, as pessoas evitam reconhecer os traumas que viveram e seus resultados, porque eles ainda temem a reação de outras pessoas: de zombaria, minimização, condenação, sarcasmo, incompreensão, defesa dos agressores, ataques, etc.
Se uma Pessoa A diz à Pessoa B que a Pessoa A teve uma infância dolorosa, e que ela vê os resultados do abuso infantil em seu redor, a pessoa B, querendo ou não, vai ter que pensar na própria infância, ao menos um pouco. É muito provável que a pessoa B também tenha tido uma infância difícil. Portanto, para a pessoa B aceitar e validar a experiência traumática da Pessoa A, significaria - pelo menos até certo ponto - reconhecer a dolorosa verdade sobre seu passado, as relações atuais e a sociedade. Isso seria extremamente doloroso. É mais fácil para
a pessoa B agir de tal forma que faça a pessoa A parar de falar, de modo que a pessoa B possa reter a fantasia chamada "Eu estou bem; está tudo bem." Ela pode conseguir isso usando negação, minimização, zombaria, ataque com raiva, distração e outras táticas mencionadas no parágrafo anterior.
Mesmo que seja verdade que sejamos adultos agora, é uma situação diferente, não somos crianças indefesas mais, e podemos falar a verdade; mas tais reações sociais para muitas pessoas ainda podem ser muito dolorosas e re-traumatizantes. Pessoas [tóxicas] vão fugir ou atacá-lo por falar sobre o abuso de crianças. Trauma infantil ainda é tabu e "norma" na sociedade atual - e falar "mal", ou seja, a verdade sobre as pessoas que tinham poder sobre você (seus professores, padres, e, especialmente, membros da sua família) - não é aceitável. Portanto, é compreensível que, apesar de algumas pessoas conhecerem em algum grau a verdade, eles ainda podem ter medo de falar sobre o assunto abertamente.


7. Culpa parental

É ainda mais difícil de olhar para o tema do trauma de infância, se você já tem seus próprios filhos. Neste caso, você não está apenas lidando com todos os complexos desafios mencionados acima, mas existe uma camada adicional de dificuldade: a responsabilidade parental. Se você tem filhos antes de resolver a sua própria história pessoal e curar suas feridas internas, você inevitavelmente irá traumatizá-los (não importa se isso acontecer de forma deliberada ou por ignorância e com a melhor das intenções - ver Razão # 2).
Se você é pai/mãe, então esse assunto é extremamente difícil de explorar, porque você não está apenas processando o seu relacionamento consigo mesmo, seus pais, professores, amigos, parceiros românticos, sociedade em geral; mas também com o seu filho – alguém por quem você é responsável. Para entender que você vem sofrendo décadas de traumas graves e que você tem inúmeras feridas internas é bem difícil. Mas se você já tem seu próprio filho e começa a perceber o trauma que eles sofrem por sua causa, então todo este processo é mais difícil ainda, é extremamente doloroso.


8. Falta de empatia

Já escrevi sobre a empatia em artigos anteriores, portanto, não vou me repetir aqui. Mas em suma, a empatia é provavelmente um dos fatores mais importantes para acabar com o ciclo de violência e viver uma vida verdadeiramente próspera. Você não pode sentir empatia genuína ou simpatia para com os outros, se você estiver emocionalmente desconectado de si mesmo e de sua criança interior. E você não pode ter uma verdadeira empatia ou simpatia consigo próprio se você não tiver feito uma quantidade significativa de auto-análise.

Adendo
Provavelmente, há mais razões para que as pessoas neguem os traumas de infância e seus efeitos, e, como você pode perceber, eles estão interligados.
A negação do trauma infantil, em geral, está relacionada a medo/segurança ("É perigoso pensar ou falar sobre o que sinto"), e à disfunção do próprio aparelho emocional e cognitivo. Esta é uma esfera extremamente dolorosa para explorar, e isso requer muita coragem, capacidade mental, força, determinação, paciência, apoio e outros recursos.

Então, para aqueles que estão nesta jornada de auto-análise, que estão corajosamente tentando romper o ciclo de violência, curar e prosperar - Eu te admiro! Sei por experiência própria o quanto é difícil; pode ser uma experiência muito dolorosa, triste, solitária, estressante, e às vezes aparentemente sem esperança; então eu realmente admiro a sua coragem.

Se você quiser, pode me considerar seu aliado - mesmo sem me conhecer. E, claro, você é sempre bem-vindo para deixar um comentário ou entrar em contato comigo através de qualquer outro meio.


Texto original publicado em: http://blog.selfarcheology.com/2013/10/why-people-deny-childhood-trauma-and.html
Autoria: Darius Cikanavičius, terapeuta e consultor emocional.
Tradução: Andréia Stankiewicz/Crescer Sem Violência
Reproduzido da página Crescer sem violência no Facebook.

25 de maio de 2014

O Renascimento do Parto - Eu assisti!

O mês de Maio tem o Dias das Mães. E esse ano, na empresa em que eu trabalho, a data foi comemorada com a exibição do documentário O RENASCIMENTO DO PARTO.
Eu poderia ficar aqui falando sobre as informações preciosas que o filme contém, falar sobre o absurdo de como os partos são tratados no Brasil, e pior: de toda a violência obstétrica que as mulheres sofrem durante o que considero o momento mais surreal da vida, que é colocar outra vida no mundo.
Mas o que quero dizer mesmo, é que eu chorei.
Chorei por ter visto as diferenças entre um bebê que vem ao mundo de forma respeitosa, e a forma como a que eu quis que meu filho viesse (cesariana).
Por medo. Insegurança. Falta de informação, de preparo.
De bom aconselhamento da profissional que me acompanhou todos os meses do pré-natal e em nenhum momento me incentivou a ter um parto normal.
Ela sabia que eu tinha medo, e nem se esforçou pra que eu mudasse de ideia.
Pelo contrário, só falou dos "benefícios da cesariana". Marcou a minha, e o Pietro acabou nascendo prematuro. 
Contei com a sorte, e só por causa dela - a sorte - (e da nossa crença numa energia superior) é que meu filho não precisou ficar numa incubadora.
Escapou da UTI neonatal pelo bom peso. Senão, seria mais um a entrar para as estatísticas.

Ao contrário de muitas mulheres que optaram pela cesariana, não carrego esse complexo de "menos-mãe".
Quando vejo minhas amigas ativistas na luta pelo Parto Humanizado, fico feliz que as mulheres estejam se unindo para exigir o respeito que nos foi tirado.
Tenho orgulho delas, e sinto que precisava sim ter me informado e me empoderado muito mais.
Mas ao invés de ficar só lamentando e brigando numa disputa de egos, prefiro também ajudá-las a divulgar todas essas informações que não tive na época em que o Pietro nasceu.
Convido a todas que leem o meu blog a fazer o mesmo: assistam o documentário, leiam muito e empoderem-se!
A Mãe Natureza é sábia :-)

O primeiro passeio da escola

Essa última semana foi bem tensa pra mim.
Pela primeira vez, o Pietro foi com a professora e coleguinhas da escola em um passeio.
Ano passado ele ficou doente nas duas vezes em que houveram passeios na escola. Nada sério, mas acabou ficando em casa, em observação.
Só que esse ano ele foi, e mesmo ficando com o coração apertado, não posso proibi-lo de vivenciar as coisas, de ter liberdade.
Chega uma hora em que não tem mais como segurar.

O passeio foi no Bosque, e apesar de eu pessoalmente ser contra a exploração dos animais e saber sobre as condições em que eles vivem lá, deixei ele ir para ver com os próprios olhinhos como vivem os animais presos nas jaulas.
Sempre converso com meu filho sobre isso. Explico que os animais precisam viver livres, nos habitats deles.
Infelizmente poucos pais têm consciência sobre a vida em cativeiro para poder explicar e conscientizar as crianças.
Muitos acabam passando uma ideia fantasiosa de que os animais de Bosques e Zoológicos vivem felizes...

Descubra os mitos dos Zoológicos

Mas enfim, o passeio também teve outras atividades como apresentação teatral, e foi a primeira experiência do Pietro sem a mamãe e o papai.
Apesar dele ainda não ter nem 5 anos, o fato é que cada vez mais vai ficando naturalmente independente. Aquela coisa de que "não criamos filhos para nós mesmos, e sim para o mundo". - É a mais pura verdade.

11 de maio de 2014

Dia das Mães. E as aranhas com isso?

Pietro chegou da creche com um convite que ele mesmo pintou. O convite é para as mães passarem um dia na escola, fazendo atividades junto aos filhos, como comemoração pelo Dia das Mães.
Cada criança pintou o que quis.
Alguns pintaram flores, outros corações, e várias coisas diferentes.
O Pietro pintou o que seria uma "aranha - gigante - robotizada", segundo ele:

Agradeci, elogiei, mas fiquei pensando sobre o que tinha a ver o Dia das Mães com aquela aranha...
Pensei que poderia ter sido alguma "viagem" da cabecinha dele, e resolvi deixar pra lá. Mas durante uma conversa com a minha sogra, não é que a minha ficha caiu? rs.
Dias atrás, eu e o Pietro estávamos vendo uma página no Facebook com várias fotos de natureza.
E ele se interessou muito (aliás eu também) por essa imagem aqui:


Parece um "saquinho" com ovos, perfeitamente cercado por uma teia.
Não sei se há informações sobre qual inseto o teria feito, mas aparentemente seria uma aranha. Achamos aquilo tão perfeito, que ficamos maravilhados.
Mas eu já tinha me esquecido disso, e o Pietro começou a ficar falando que haviam teias de aranhas em todos os lugares. Daí expliquei pra ele que a aranha deposita seus ovinhos e faz seu ninho em lugares que ela acha que são seguros, pros filhotes.
Assim como a mãe-aranha protege seu ninho, as mamães-humanas também o fazem.
Foi então que a aranha no meu convite de Dia das Mães passou a fazer sentido :-)

Aproveitando esse post de Dia das Mães, vejo toda essa publicidade com fins comerciais e reflito sobre o quê realmente necessitam as mães brasileiras...
Em primeiro lugar, essas discussões sobre quem é menos ou mais mãe são extremamente banais e só servem pra gerar discussões intermináveis, egos feridos e desinformação. Quando há união, há força. E é dessa força que precisamos para lutar a favor de direitos básicos.
Temos tantas obrigações como mães e pouquíssimos direitos, que na grande maioria das vezes não são respeitados. Começando pelo direito à própria escolha de ser mãe, por exemplo.

  • O direito de ter um acompanhamento pré-natal de qualidade, com profissionais comprometidos verdadeiramente com a saúde da mulher e do bebê,
  • Direito à um parto respeitoso,
  • Direito à uma licença-maternidade mais longa, para a mãe que precisa trabalhar fora,
  • Apoio e incentivo no aleitamento materno, inclusive por parte de empregadores e profissionais de saúde.
  • Reconhecimento pelas tarefas domésticas,
  • Suporte do pai da criança, tanto moral quanto financeiro. Afinal, a criação também não é responsabilidade só da mãe.

Feliz Dia das Mães às que exercem o papel de mãe durante todos os dias do ano, com amor no coração e muita força pra encarar as batalhas da vida!
Não somos como nas propagandas de TV. Somos de diferentes tipos-físicos, condições sociais, etc.
Choramos, sorrimos, xingamos e falhamos.
Somos diariamente guerreiras.

6 de maio de 2014

Desfralde - Dicas do Dr Harvey Karp

O desfralde é apenas frustrante se você tem expectativas inadequadas. Você pode impedir seu filho de comer doces, mas você não pode necessariamente fazer seu filho comer brócolis. O treinamento para desfralde é uma questão que os pais realmente não têm controle. Você tem que fazer a criança querer fazê-lo , em vez de forçá-la. Crianças de dois anos têm muitas outras coisas que preferem fazer, então seu objetivo como mãe/pai ou cuidador deve ser tornar algo divertido e interessante para eles.

Não há uma idade específica para uma criança começar a treinar o desfralde. Em vez disso, existem cinco sinais clássicos que você deve observar, que indicam quando uma criança está pronta para começar. Esses sinais são:
  • A criança diz "sim" em cada vez mais situações.
  • Andar a pé não é mais novo e excitante, e a criança está disposta agora a sentar-se sozinha em um só lugar.
  • A criança tem palavras para cocô e xixi (totô, pipi, etc) .
  • A criança gosta de te imitar.
  • A criança está interessada em organizar as coisas em grupos, e em  limpeza.

Quando uma criança demonstra essas tendências, você deve obter um penico, e acredite ou não, ele não tem que ser colocado no banheiro imediatamente. Você pode até mesmo colocar a cadeirinha na sala de jogo. Dessa forma, eles se acostumam com isso estar em um lugar divertido para se sentar. O importante é colocá-lo em um lugar que a criança gosta de se sentar , ler ou jogar quebra-cabeças.
Se o seu filho expressa uma vontade de usar o penico, o maior erro que você pode fazer é saltar para cima e para baixo, aplaudir, e fazer um grande alarde sobre ele. Se você exagerar, isso vai se voltar contra você. Sua reação pode assustar o(a) garoto(a). Eles podem começar a pensar que é muito importante e não vão querer fazê-lo. Algumas crianças vão usar isso contra você quando estiverem com raiva.
Quando uma criança usa o penico, seja positivo, mas não acenda fogos de artifício. Seja discreto. Use um elogio grande quando a criança se sentar, mas use um elogio discreto para quando fizer cocô. Você ainda pode usar o que eu chamo a técnica de " fofoca " . No final do dia , você pode " sussurrar " a um ursinho de pelúcia ou um colega de trabalho : "Ei, Bobby fez xixi . " Estando alto o suficiente na frente do filho para que ele ouça , mas não dizendo diretamente para a criança. Assim, eles tornam-se muito orgulhosos de si mesmos quando ouvem você falar positivamente sobre eles.
Se o desfralde simplesmente não está funcionando, lembre-se que por vezes, as crianças podem estar constipadas ou podem ter medo. Elas podem estar nervosas por estarem sentadas no alto ou podem estar intimidadas, se você está exagerando a situação. Às vezes , eles estão apenas confusos. Eles sabem que algo está sendo pedido a eles, mas não sabem o que é. É por isso que quanto menos pressão, melhor . Seu objetivo não deve ser o cocô no penico, mas para fazer do penico um lugar divertido onde as crianças gostam de estar. O cocó vai acontecer eventualmente.


Harvey Karp , MD
Pediatra e autor do livro " A Criança Mais Feliz do Pedaço"

Tradução de artigo do site A place of our own.