28 de julho de 2015

À procura de uma escola - Parte I - Escolas que rezam o pai-nosso.

Aparentemente, encontrar uma escola para o filho estudar parece uma tarefa simples. Mas se você tem expectativas que vão além do preço, saiba que essa busca está longe de ser fácil.
Quando se junta os dois fatores, então, fica mais complicado e limitador ainda: preço e algumas expectativas básicas que uma escola deve preencher.
Ano que vem, o Pietro frequentará o primeiro ano do ensino Fundamental. O equivalente ao anitgo "prézinho" da minha época, já que agora existe um ano a mais na grade curricular.
Então, comecei a ir pessoalmente a algumas escolas particulares aqui da região para ver qual se encaixa mais no que espero de uma escola de ensino fundamental e matriculá-lo.
A primeira delas tem pouco espaço paras as crianças correrem (já achei ruim isso), tem várias matérias logo no primeiro ano e parece exigir bastante dos alunos.
Quando perguntei sobre ensino religioso, a resposta foi a mesma que ouvi na segunda escola:
"Nós não temos ensino religioso, apenas rezamos o pai-nosso, porque é uma oração universal."
Tive vontade de perguntar se eles tinham alunos budistas, judeus, ateus... Mas me calei, porque achei que não valeria a pena já que mentalmente já tinha descartado aquela escola.

A segunda escola é bem grande, tem espaço pra correr, e apesar de termos que desembolsar uma grana alta com apostila de método pedagógico já no primeiro ano (Pietro ainda vai ser alfabetizado), parece ser menos exigente do que a outra. Sobre ensino religioso, a resposta foi a mesma mas segundo a coordenadora o pai-nosso é rezado TODAS as segundas-feiras junto ao hino nacional. Quase caí de costas rs.
Gente, escola não é lugar de rezar. Não sou atéia, mas se deixei de batizar meu filho para que ele pudesse ter a liberdade de escolha sobre qual caminho espiritual ele quiser seguir (ou mesmo se não quiser seguir nenhum), por quê raios eu acharia bacana ele ser obrigado a rezar NA ESCOLA toda semana???!

"Ah, mas é oração universal" - Não, não é. É uma oração cristã, e o mundo inteiro não é cristão.
São escolas que precisam ter uma visão de mundo, acho o fim da picada isso.
Escola não tem que educar pra vida, quem faz isso é a família: mãe, pai, dois pais, duas mães, os dois, só um, ou seja lá quem for responsável prla criança. Não a escola.
Ainda mais espiritualmente falando, que é algo tão pessoal.
Penso que a escola tem o papel de educar para formar cidadãos críticos, capazes de interpretar situações, formarem opiniões, questionarem. Terem uma base para depois se especializarem em alguma profissão escolhida, se for o caso. A vida escolar nos ensina a conviver com as diferenças culturais e muitas outras questões, e é aí que essa coisa de reza não se encaixa. Ou se falam sobre TODAS as religiões, ou sobre nenhuma.
Eu sei que existem escolas que se encaixam bem mais no que eu procuro. Mas essas escolas também são caras, então não são totalmente inclusivas.
Acho um absurdo pagar mais de mil reais por mês em uma creche, ou nos primeiros anos do ensino fundamental. Fica parecendo que a pessoa está jogando toda a responsabilidade de educar aquela criança tão novinha, em cima da escola. Ou parece uma questão de status, mesmo: "meu filho estuda em uma escola x, que tem diversas aulas, ensino bilingue, etc."
Fui professora de Inglês por anos, e posso dizer uma coisa: se seu filho não se interessar por uma segunda língua, não vai adiantar nada pagar escolas caras. Imagino que seja a mesma coisa com as outras matérias.
Compensa muito mais incentivá-lo em casa, acompanhar os estudos juntos, sentar e discutir sobre a matéria estudada, estar presente. E isso não tem preço.
Vamos ver no que isso tudo vai dar, e o pior de tudo é que o horário da escola municipal não se encaixa com nosso expediente. Ou seja, preciso mesmo achar uma escola particular pro próximo ano e que fique perto de casa, ainda por cima.
Vou comentando aqui sobre essa "saga"...

11 de julho de 2015

O "outro lado" da Maternidade

O "lado B" da Maternidade começa a se revelar ainda durante a gravidez.
Enjoos, vômitos, dores de cabeça, cansaço, hemorroidas, instabilidade no humor, manchas na pele, etc.
Mas daí você se lembra daquelas imagens publicitárias de grávidas maravilhosas e felizes, e pensa:
"Isso tudo deve estar acontecendo só comigo,não é possível!"
Algumas mulheres dizem até que se sentem mais bonitas durante a gravidez... Eu me sentia como um palito com uma batata espetada nele haha. Engordei mais na barriga do que no resto do corpo, então tinha que fazer esforço pra me equilibrar em pé.
E foi assim que trabalhei (na época dava aulas de inglês de dia e a noite) até o final da gestação.
De tanto ficar sentada, tive hemorroidas que até hoje "dão as caras" de vez em quando...
Bom, mas daí chegou a vez do "parto". Parto nada, porque foi uma cesariana né.
Estava hiper ansiosa, não tinha dormido nada na noite anterior, nem conseguia comer direito.
O Pietro nasceu, e quando olhei para o lado e vi a sonda quase desmaiei... Sempre tive nojo de sonda, e nem quis olhar pra minha.
A moça do meu lado vomitou assim que chegou do centro cirúrgico. É muita medicação, pra gente não sentir dor nem nada. Aliás, conto mais detalhes sobre a cesariana no post Coisas sobre cesareana que ninguém te conta - mas eu sim!.

E o pós-parto?
Ah, esse merece um livro de crônicas, viu. É um período CHEIO de conflitos emocionais, insegurança, desespero mesmo.
É quando a gente leva o bebê para casa e se dá conta que "aquilo" é seu, está sob sua responsabilidade.
Alguns maridos/pais da criança assumem seus papéis e dividem as tarefas, mas muitos outros não.
Sobre esse assunto vale a pena ler o texto:

PAI INCRÍVEL OU: COMO OS HOMENS SÃO EXALTADOS POR FAZEREM QUASE NADA

A gente amamenta, tem inúmeras dificuldades, sangra, dói (não aconteceu comigo mas aconteceu com amigas próximas) e o bebê não pára de chorar, de demandar atenção. 
Mais uma vez aquelas imagens de campanhas de amamentação parecem tão surreais, com mulheres perfeitas, lindas e felizes amamentando. Quando a gente na verdade mal consegue tomar um banho ou comer direito nos primeiros meses.

E tem horas em que a gente pensa em desistir de tudo, sumir, sei lá. 
Voltar atrás, no tempo. Ou pelo menos dar um soco na cara de quem inventa essas imagens de mães perfeitas!

E então o que nos motiva, o que nos dá combustível para seguir em frente é quando a gente olha para aquele pequeno ser humano e tudo volta a valer a pena. 
Não daquela forma "romantizada", nas propagandas de TV. Mas da forma mais real e verdadeira possível.
Cheia de imperfeições, de erros... Mas sempre tentando fazer o melhor.
Se essa não for a verdadeira forma do amor, não sei de mais nada...


E você, tem também histórias para contar sobre o lado B da maternidade? ;)

5 de julho de 2015

Mais humanidade, menos complexo.


"A mulher leva uma anestesia na coluna que pode lhe lesar para sempre, algumas são aplicadas mais de uma vez e provavelmente irão causar alguma reação.

Depois...

Tem sete camadas do seu próprio corpo cortadas, uma a uma, até chegar ao útero, e depois tem essas sete camadas costuradas.
Continuando...
Ao levantar pela primeira vez, após o efeito da anestesia passar, sente que o mundo desabou em cima da sua cicatriz. Se sente fraca, tonta, enjoada, aflita e ainda assim, com toda a dor, fica de pé.
Tem um pós difícil, e apesar de alguns serem mais tranquilos que outros, não deixa de ser incômodo, e mesmo assim, com SETE camadas costuradas, cuida do filho, da casa e das obrigações.
Moral da história: Diga tudo! Só não diga que a mulher que opta pela cesárea é MEDROSA, COVARDE e FRACA.
Como eu sempre digo: "Realmente, não é toda mulher que deixa se cortar e carregar em seu corpo uma cicatriz eterna para trazer seu filho(a) ao mundo..."."


Tenho visto esse texto de autoria desconhecida sendo bastante compartilhado na internet, por mães que como eu passaram por cesariana(s), e até como um tipo de "resposta" àquelas que divulgam o parto normal...
Posso estar errada - sim, muito errada - mas às vezes penso que as pessoas não perceberam a mensagem que está por trás dele. É duro encarar, mas a realidade da cesariana é que ela é uma cirurgia de grande porte, muito arriscada quando feita sem real necessidade.
Eu leio isso: "anestesia na coluna..", "sete camadas de pele", e penso que é uma ilusão acreditar que a cesariana é sinônimo de evitar sentir dor.
Ela pode não ser tão dolorida no momento do nascimento do bebê, mas pode trazer outras dores, outras complicações. E se não dói nada (como no meu caso), imagino o tanto de remédios que foi necessário tomar para não sentir nadinha tendo 7 camadas de peles cortadas!
Imagem: Internet
Outra coisa que o texto menciona, é sobre chamarem quem passa por uma cesariana de "medrosa, covarde e fraca". Devo ser uma pessoa de sorte, porque desde 2009 até hoje, nunca sofri nenhum tipo de discriminação ou coisa do tipo, por ter feito uma eletiva.
Nunca fui xingada em grupos sobre maternidade por causa da cesárea, e olha que frequento os grupos "dazíndia" - como são chamadas as ativistas pela humanização do parto.
E convivo com amigas bem próximas que são ativistas, também.
Pelo contrário, foi através desses grupos que fui passando a entender que o movimento pela humanização do parto (como já diz o nome) é um movimento para que as mulheres tenham uma experiência de parto sem violência obstétrica, mais humana, sem procedimentos desnecessários, sem sofrimento, já que é um acontecimento natural do nosso organismo.

Ninguém quer obrigar todas as mulheres a terem um parto normal, ninguém quer e nem pode obrigar a nada. 
É até ridículo pensar assim.

Tudo que eu tinha ouvido sobre o "parto normal" quando engravidei, eram os relatos da minha própria mãe que dizia ter passado muito sofrimento, porque teve que fazer a tal lavagem intestinal, o "pic"(corte no períneo)... E até pouco tempo esses eram mesmo procedimentos padrões de qualquer maternidade.
Hoje em dia, graças a esse movimento pela humanização do parto, sabemos que tais procedimentos são desnecessários e mais - são violência obstétrica - a mulher tem direito de não querer passar por nenhum deles.

Então, a ideia que eu tinha de um parto chamado "normal", infelizmente é o que hoje em dia é chamado de "parto frank, ou frankenstein, cheio de intervenções desnecessárias e violência, que acontece até os dias de hoje com muitas mulheres. E que, para evitarem isso, preferem se arriscar numa cirurgia de grande porte.
Algumas morrem, outras têm complicações nos pontos, mas a maioria dos bebês nasce prematuro.
A função do movimento pela humanização do parto é acabar com a violência obstétrica, para que a mulher seja a protagonista de seu parto.
Vejo muitas mulheres que passaram pela cesariana se sentindo ofendidas com vídeos de partos naturais, na água, domiciliares, hospitalares, etc. Partos respeitosos.
Isso pra mim, não faz sentido, mas talvez esses relatos e vídeos mexam com alguma coisa que está lá dentro, que dói... Talvez um sentimento de frustração, não sei.
Eu, que passei por uma cesariana eletiva porque tive medo das dores das contrações, me emociono MUITO mais com vídeos de partos naturais do que com vídeos de cesarianas.
E penso que tive uma coragem muito grande, aliada à falta de informação para ter escolhido a cesariana.
Esse aqui é o nascimento do meu próprio filho, um trechinho que já dá pra sentir o ambiente frio em que nós estávamos.
Assim que ele nasceu, ao invés de o trazerem pra mim, o levaram para fazer todos os procedimentos-padrão e só depois pude vê-lo.
A única emoção que dá pra perceber no vídeo, é do meu marido que estava vendo por cima daquele pano que colocam à nossa frente...
E do Pietro, que começa a chorar quando percebe que foi tirado de dentro da mamãe...

Então, o que quero dizer é que não vale a pena ficar remoendo sentimentos ruins ou momentos que não voltarão. O que vale a pena é erguer a cabeça, encher o coração de amor para exercermos a maternidade da melhor forma que pudermos, e parar com qualquer tipo de "guerrinhas", porque elas são chatas demais! Além de inúteis, claro.
Vivemos na Era da informação, temos condições de buscar e entender sobre vários assuntos e precisamos apoiar umas às outras para que o parto volte a ser uma dádiva da mulher - e não do médico. Afinal de contas, o dever dele é estar ali para assistir, auxiliar com a medicina modern, salvar vidas quando é realmente necessário.
Ser mãe requer coragem sempre, até para entender que algumas decisões poderiam ter sido evitadas, ou que podem ter sido melhores escolhas. E saber conviver com isso de forma positiva, encarando tudo como um grande aprendizado.
Vamos aprendendo sempre.