15 de agosto de 2014

Guerrinha de Menos x Mais mães, do ponto de vista de quem "optou" pela cesariana eletiva.

Coloquei esse título nesse post com duas finalidades: uma é a de chamar a atenção, mesmo. Pois muito tem se falado sobre parto humanizado através de relatos e grupos sobre maternidade, porém na maior parte das vezes esses relatos são de mulheres que conseguiram parir com respeito, ou que não conseguiram e forçadamente passaram por uma cesariana a contragosto.
A outra intenção tanto com o título do post, quanto com o texto em si, é a de chamar a atenção para a palavra "optou", que está entre aspas.
Optar, segundo o dicionário, é um verbo intransitivo que significa escolher, decidir por.

A questão é que para que haja uma escolha, é necessário haver também outras opções certo?
Em 2009, quando engravidei do meu filho Pietro, eu era uma mulher de 24 anos que tinha verdadeiro pavor em ouvir os relatos de Partos Normais da minha mãe. Talvez como uma forma de assustar e reprimir o impulso sexual, tenha sido essa uma maneira encontrada por muitas mães para assustarem suas filhas e desencorajarem o ato sexual em si. Além disso, há anos, muitas mulheres vêm sofrendo violência obstétrica sem que isso fosse categorizado ou mesmo percebido pelas próprias mulheres, o  que torna ainda mais doloroso tanto físicamente quando psicológicamente falando.
O fato é que estava grávida e me apavorava só de pensar em tudo que poderia acontecer na hora do parto, por isso disse à ginecologista que me acompanhava na época, que queria cesariana.
Ela, por vez, nem sequer cogitou me orientar melhor sobre o processo fisiológico natural de toda mulher que tem filhos. Simplesmente agendou a cirurgia e nunca tocou no assunto. NÃO ME OFERECEU OPÇÕES para que eu pudesse refletir sobre elas e escolher, realmente.
E quantas mulheres estão ou já estiveram nessa mesma situação?
Quantos profissionais de saúde realmente informam suas pacientes e visam a saúde efetiva delas?
Com a idade gestacional de 38 semanas e 1 dia, de acordo com a médica, fizemos a cesariana. Só que meu filho na verdade estava com 36 semanas e 5 dias (era prematuro). Devido ao peso bom, não precisou ficar na UTI neonatal. Mas corremos esse risco grande, já que a maioria dos bebês que nascem de uma cesareana eletiva são prematuros, e necessitam ficar na UTI recebendo cuidados intensivos.
Meu pós-cirúrgico não foi um dos piores, apesar de não poder sair andando assim que ele nasceu. Mas hoje, voltando um pouco nas lembranças, imagino a quantidade de remédios que tive que tomar na veia pra não sentir dor, tendo 7 camadas de pele cortadas numa cirurgia de grande porte como a Cesariana. E o tanto de remédios que meu filho "mamou" pelo meu leite.
Vejo relatos de mulheres que foram induzidas a fazerem a cesareana e tiveram sérios problemas.
Fui tomar conhecimento do que significa a Violência Obstétrica somente após alguns anos de convivência com outras mulheres que tinham sofrido esse tipo de violência durante seus partos. Eis as tais "ativistas pelo parto humanizado" de quem tanto ouvimos falar recentemente.
São pessoas normais, como eu e você, que se informaram o suficiente para exigirem melhores condições pra que todas nós sejamos tratadas com dignidade e respeito, assim como nossos filhos.
Pois bem, se eu tivesse me sentido ofendida nesses grupos e na convivência com essas mulheres , e tivesse me fechado para todo esse leque de informações, muito provavelmente estaria com a mesma mentalidade que tinha em 2009, achando que meu parto tinha sido ótimo, que meu filho tinha nascido da melhor maneira possível e fim.
Mas quando você convive com pessoas envolvidas em uma causa, ou simplesmente assume uma posição de maternagem ativa, hora ou outra acaba dando de cara com informações atualizadas, ainda mais nos dias de hoje. Não há como viver em uma bolha.
E existem sim dois tipos de postura que eu percebo nos pais dessa minha geração: aqueles que preferem repetir mecânicamente hábitos e costumes dos mais velhos; e aqueles que contestam. Posso dizer que me identifico bem mais com o segundo grupo, ainda que tenha demorado um pouco pra cair a ficha sobre essa minha "desnecesárea", e todos os dias aprendemos mais, não somente sobre isso.

"Quanto mais perto do natural, mais incontestável fica."
Não me sinto segura ainda para afirmar que farei isso ou aquilo se engravidar novamente algum dia, mas acredito que contestar e buscar cada vez mais conhecimento nunca é demais.
Como comentei aqui, o documentário O Renascimento do Parto é muito esclarecedor, pois tem depoimentos dos próprios profissionais da área de saúde sobre o assunto. Acredito que existam vários outros bem interessantes também, por isso aceito recomendações ;)

Eu, particularmente, gostaria que as mulheres se ajudassem mais. Fossem mais solidárias umas com as outras ao invés de viverem nessa espécie de competição, pra ver quem é mais ou menos mãe, melhor ou pior esposa, e assim por diante. Infelizmente existem sim mães que por quererem se manter nessa "competição" boba tentam humilhar outras, mas não pelo benefício das crianças. Simplesmente para terem egos inflados.
É claro que podemos problematizar o porquê de algo ou algum assunto ferir algumas pessoas (muitas vezes pode ser porque ela própria não está bem resolvida com o assunto). Mas quando fere, é complicado dizer que "não deveria ferir", porque ninguém escolhe sentir dor.
Mas já que é assim, acredito no poder que o acolhimento tem na hora de prover informação.
Como já falei por aqui, quem ganha com essa desunião entre as mulheres, é somente o machismo.

Portanto, meu único arrependimento até hoje em relação ao parto, foi não ter me informado mais na época. Não costumo me arrepender de nada que faço, mesmo porque amarguras não me levarão a nada. Mas provavelmente teria feito diferente...
Mas me baseio nessas experiências do passado para procurar um presente e futuro melhores. É isso.

3 de agosto de 2014

Passamos das 60 mil visualizações!!!

Galera, juro que não fui eu que fiquei clicando mais de 60 mil vezes aqui no blog! Haha :-D

Brincadeiras à parte, agradeço pela "audiência" e pela oportunidade de poder compartilhar com vocês, toda essa aventura louca de ser mãe de primeira viagem!


Relato de 5 anos de Cama-Compartilhada (Cama-familiar).

Já falei aqui sobre nossa relação com a Cama-Compartilhada, e hoje venho atualizar um pouco sobre como vem sendo esses anos dormindo juntos, já que vejo muitos relatos apenas sobre bebês.
Desde que o Pietro tinha alguns meses de vida, e eu percebi que não teria outro jeito de dormir senão amamentando, deitada, dormir com ele foi a melhor solução que encontramos.
No início ouvimos algumas histórias de desgraças envolvendo a Cama-Compartilhada (sabem aquela coisa de "fulano me contou que o filho da ciclana morreu esmagado/sufocado?"), mas usando o bom-senso e responsabilidade, não há o que temer.
Além do mais, a CC ajuda - e muito - com as mamadas noturnas.
Falo isso sobre bebês que são amamentados ao peito. O leite materno é mais aproveitado pelo organismo e bem mais difícil de ser digerido. Quanto a bebês que usam fórmulas, não sei dizer se existe alguma restrição para a prática da CC.


Tivemos noites em que ele teve febre, ou alguma virose, e que eu pude estar ali ao lado monitorando.
Como quando ele teve Rotavírus, por exemplo. Durante a noite, ele vomitou e como eu estava dormindo ao lado, já levantei a cabecinha dele para ele não engasgar com o vômito.
Penso que não conseguiria dormir se ele estivesse em outro quarto.
O fato é que pra gente funcionou tão bem, que nos acostumamos.
O tempo passou, o Pietro cresceu, e ainda dormimos em CC.

É claro que logo ele vai ter um quarto só pra ele. Não conheço nenhum adolescente que dorme com os pais, e pretendemos fazer essa transição bem naturalmente.
Acho que não preciso nem comentar sobre o desenvolvimento do Pietro e a relação com a CC.
Ele é um menino de quatro anos muito esperto, não apresenta nenhum problema de fala, e poucas vezes ficou doente. Das pouquíssimas vezes em que ficou, nenhuma foi relacionada a dormir conosco.
Não é tímido, fala bastante, se expressa muito bem e apesar da dificuldade de adaptação na creche no começo (acredito que aconteça com qualquer criança), ele já está extremamente à vontade e desenvolvendo suas habilidades.
O que acontece é que há muito "mito" e muito preconceito com algo que há anos atrás era muito comum e hoje em dia é visto como "fraqueza".
Para quebrar esses mitos e preconceitos é que estamos aqui, relatando algo que só nos trouxe benefícios e que muitos pais deixam de fazer justamente por acreditarem nesses pré-conceitos e darem ouvidos aos outros.


Frajola e nosso modelo de Camas-Compartilhadas :)
"Somente nos últimos 150 anos, com o surgimento de casas com vários compartimentos, é que se começou a separar os bebês e colocá-los para dormir longe dos seus pais. As crianças das sociedades tecnológicas têm sido mais separadas de suas mães do que em qualquer época anterior na história da nossa espécie. Mais e mais nascimentos passaram a acontecer em hospitais, e os berçários nos hospitais foram inventados para proteger as crianças de infecções, isolando-as de contato. Desde o nascimento, esperava-se que os bebês dormissem sozinhos, longe de suas mães (6). O declínio da amamentação, promovido pelas empresas produtoras de leites artificiais, também contribuiu para acentuar a separação entre mães e bebês. O resultado de todas estas influências é que, por volta de 1950, pouquíssimos bebês nas nações industrializadas ocidentais dormiam com suas mães (6)."
Mother – Klimt (1862-1918)

Deixo aqui alguns links muito interessantes sobre a história da CC, regras de segurança e pesquisas mais recentes sobre o assunto:


   
  Sendo assim, bons sonhos com suas crias! ;)